sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Matrimônio: cuidado com os penduricalhos

A última: um jornal de Belo Horizonte publicou uma reportagem falando sobre a importância de haver um "assessor" para a cerimônia de matrimônio. Eu, católico descarado, digo: "NÃO É IMPORTANTE haver um assessor para a cerimônia na igreja". Por culpa de muitos (inclusive dentro de muitas paróquias), estão sofisticando demais algo que, por si só, já é muito bonito. Isso e muitíssimos outros penduricalhos encarecem a celebração e, o pior, acabam inibindo aqueles que desejam buscar a bênção nupcial, um sacramento, mas não têm condições financeiras. Muitas vezes, esses pobres são bilionários de espiritualidade e de comprometimento. Por interesses nada divinos, há gente complicando demais as coisas. Não nos esqueçamos das palavras de Jesus: "Meu fardo é leve, meu jugo é suave". Em resumo, voltemos às origens, ao óbvio, à essência.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Recomendo: não morra sem ver isto

Alessandro Faleiro Marques

Assista à animação do "causo" "Fiat 147, o Lamborghini e o Porsche em um racha". A locução é de meu amigo Éverton Gontijo e do Renato Lara Júnior (o Menino Gordo), edição de meu amigão também, Eduardo Dênis Lacerda. Dedico esse causo ao meu amigão-irmão, Joênio Ferraz, que faz aniversário hoje.







sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Algumas considerações sobre a tal "Black Friday"

Se você me permite, tenho alguns comentários sobre esse negócio de Black Friday:

- a imprensa internacional está ridicularizando a campanha brasileira, chamando-a, com muita razão, de "black fraude";
- por que muitos de nós trabalhamos muito? Quase sempre é para consumir muito. E se consumíssemos menos?;
- se, mesmo assim, as promoções lhe parecem irresistíveis, antes de comprar, tente respirar e refletir sobre a diferença dos verbos "querer" e "precisar";
- não deixe de ver os conselhos dos Procons, eles são valiosíssimos nestes dias;
- "promoção imperdível" é somente quando precisamos de alguma coisa, no mais, é consumismo mesmo;
- de minha parte, preciso somente de um guarda-chuva, e o camelozão resolverá meu problema facilmente (qualquer dia desses, vou lá).

Seu eu me lembrar de outros comentários mesquinhos, vou colocar aqui. Se você tiver alguma coisa, pode partilhar também. No mais, boa sexta-feira, independentemente da cor que ela terá.


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mês Consciência Negra: um cemitério e as cotas raciais


Alessandro Faleiro Marques

Neste Mês da Consciência Negra, em que as discussões sobre cotas raciais andam acaloradas, partilho algumas fotos de uma visita que fiz em janeiro deste ano ao Cemitério dos Escravos, na comunidade de Marimbondos, Município de Carmo do Cajuru-MG (minha terra natal). O campo-santo provavelmente foi construído no século XVIII e, como várias construções históricas de Minas Gerais, tem os muros feitos de pedras sobrepostas. 


Os doze túmulos existentes hoje são simbólicos, representando os negros que nele foram sepultados. O sítio histórico fica numa área particular, ao lado de um pasto (veja os bois atrás do cruzeiro). Segundo relatos orais, foram sepultados no lugar cerca de 300 cativos "dóceis", pois os que se rebelavam contra a escravidão eram enterrados em valas comuns, como animais. 




Em maio, os tambores solenes das guardas de congo e moçambique homenageiam os antepassados, durante uma missa. No resto do ano, ouve-se apenas o bater de um cadeado amarrado ao cruzeiro. Os nomes daqueles negros não constam de documentos. Existem somente no coração de Deus. Por essas e outras, que as políticas de inclusão de nossos irmãos afro-brasileiros, tão criticadas por neoescravocratas, representam apenas um pouco da dívida que o Brasil deve pagar a esse povo. 

Que os irmãos deixados no cemitério de Marimbondos, esquecidos pelos homens, lembrem-se de nós diante de Deus. Que todos nós, que nos achamos vivos, reflitamos com seriedade para que possamos fazer um país mais justo, com mais ações e menos discursos. A nossos compatriotas negros, os meus respeitos.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

"Hoje e não amanhã"


Alessandro Faleiro Marques

Às vezes, o conhecimento vem de onde menos esperamos. Veja o que veio escrito no papel do pão, exatamente no Dia de Finados de 2011. Muito apropriado para estes dias em que homenageamos nossos irmãos falecidos.

Hoje e não amanhã

Prefiro que partilhes comigo uns poucos minutos agora que estou vivo, e não uma noite quando eu morrer.

Prefiro que apertes suavemente a minha mão agora que estou vivo, e não apoies o teu corpo sobre mim quando eu morrer.

Prefiro que faças um só telefonema agora que estou vivo, e não uma inesperada viagem quando eu morrer.

Prefiro que me ofereças uma só flor agora que estou vivo, e não me envies um formoso ramo quando eu morrer.

Prefiro que elevemos ao céu uma oração agora que estou vivo, e não uma missa quando eu morrer.

Prefiro que me digas palavras de alento agora que estou vivo, e não um dilacerante poema quando eu morrer.

Prefiro que toques um só acorde de guitarra agora que estou vivo, e não uma comovente serenata quando eu morrer.

Prefiro que me dediques uma pequena prece agora que estou vivo, e não um pomposo discurso quando eu morrer.

Prefiro desfrutar de todos os mínimos detalhes agora que estou vivo, e não de grandes manifestações quando eu morrer.

Prefiro que digas o que sente por mim, agora que estou vivo, a ouvir um grande lamento porque não disseste a tempo, depois que estiver morto.

Aproveitemos os nossos queridos enquanto eles estão entre nós.

Valorize as pessoas que estão à sua volta.

Ame-as, respeite-as, lembre-se delas...

Enquanto estão vivas!





sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Os "devotos" de São Judas

São Judas Tadeu
Pintura de Georges de la Tour
(1593-1652)
Alessandro Faleiro Marques

O apóstolo Judas Tadeu é o "Santo das causas impossíveis", como a imprensa e até alguns da Igreja dizem? Eu, católico desavergonhadamente assumido, digo: NÃO! O verdadeiro santo das causas impossíveis é só Jesus Cristo e nenhum outro. São católicos mais ou menos os "devotos" de São Judas Tadeu que estacionam o carro no ponto de ônibus, na contramão, em fila dupla e vão à igreja só pedir "coisas" para o apóstolo. Essas pessoas passam por cima da lei e do próximo para demonstrarem muita fé, mas poucas obras.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, os santos intercedem por nós e nos acompanham neste mundo. Infelizmente, muitos se esquecem de que eles foram fiéis a Cristo até o fim, a ponto de até serem assassinados por isso. Por essas e outras, os apóstolos Judas Tadeu e Simão, ambos comemorados em 28 de outubro, são homens que devem ser imitados por todos nós, cristãos, independente de denominações. 


Louvemos a Deus por Ele ter escolhido Judas Tadeu e Simão, seres humanos como nós, para serem duas das "doze colunas da Igreja". E não se esqueça de orar (ou rezar) por mim e por nossas famílias. Ah, estacionar em local proibido é pecado, viu!

Em tempo: um abraço a meu amigo Anselmo Morais, que faz aniversário neste dia 28!


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A quem interessa a desvalorização do Estado

Alessandro Faleiro Marques

Interessante é a facilidade que o povo e a imprensa têm de culpar por tudo o Estado. Tudo é o governo, a presidenta, o prefeito... Sem querer tirar a responsabilidade que cabe a esses "entes", questiono: quando um motorista de ônibus deixa os passageiros para trás, é decisão desse trabalhador, e só dele, em prejuízo dos outros. Quando alguém avança o sinal vermelho, não se deve culpar o Estado pela violência no trânsito, pois o que o governo tinha de fazer o fez, que era colocar o semáforo. Quando uma escola, uma praça estão com equipamentos danificados, não é culpa do Estado, mas primeiro de quem as estragou culposa ou dolosamente.

Cobrar simplesmente a fiscalização é reduzir a conversa, pois a lei deveria ser seguida e pronto. Desde o fim da ditadura, em 1985, há uma campanha para desvalorizar o Estado. E isso vem dando certo, sobretudo pela engenharia feita por quem domina a comunicação.

Com essa brincadeira, sabe quem o está substituindo? As megacorporações, os bancos, os "investidores" (leia-se "especuladores"). Ah, para ajudar a consertar o problema do Estado que não funciona, há um momento só seu, garantido pela Lei: o voto. Tomemos cuidado com os discursos prontos e com quem quer pensar por nós.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Fome, obesidade, desperdício: um problema de todos nós

Antônio Coquito

A afirmativa do senso comum de que o Brasil é o país da contradição traz à tona o debate e a busca de soluções no campo da segurança alimentar e nutricional sustentável. Trata-se do tripé “fome, obesidade, desperdício”. A ação direta nesse dilema é um chamado a toda sociedade, para assumir um papel de conscientização pública e reversão de indicadores preocupantes. Os desafios devem fomentar reflexão e busca de atitudes imediatas.

O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do planeta. Temos a maior e mais rica oferta de produtos alimentícios. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (ONU - FAO) mostram que o nosso país produz 25,7% a mais de alimentos do que necessita para toda a população. Porém, dessa realidade, constamos que uns comem de menos, em condições inadequadas. Já outros, demais e com hábitos alimentares nada saudáveis. E, por fim, outros destinam boa parte dos alimentos ao lixo, configurando-se em toneladas de desperdício.

Fome

A radiografia da fome deve nos incomodar para a busca de soluções urgentes. Dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativa a 2009, apontam que 11,2 milhões de pessoas passaram fome no período. Os números dão conta de que 30% dos lares brasileiros não têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente.

A PNAD mostra que a fome brasileira tem uma identidade nordestina, rural, pobre, negra e de baixa escolaridade. Segundo dados da pesquisa, a situação de insegurança alimentar atinge aproximadamente 8,6% (nível moderada) e 7% (nível grave). Já na área urbana, os dados são de 6,2% (moderada) e 4,6% (grave). Em se tratando de regiões, o Norte e o Nordeste do Brasil apresentam níveis inferiores à média nacional no que se refere à segurança alimentar. Os Estados com situação mais grave são Maranhão (35,4%) e Piauí (41,4%). A pesquisa constata que, nesses Estados, nem a metade das residências têm alimentação saudável e em condições adequadas. A região Sul é a que tem melhores condições.

O grau de instrução está ligado diretamente às condições de insegurança alimentar. Os dados da PNAD mostram que quanto menor a escolaridade, mais precária é a alimentação. Segundo a pesquisa “Em 2004, 29,2% dos moradores sem instrução ou com menos de um ano de estudo apresentavam restrição na quantidade de alimentos moderada ou grave”. Já em 2009, a proporção caiu para 20,2%. Mesmo tendo melhorado os indicadores, a situação continua a desafiar os profissionais da área de nutrição.

Obesidade

O aumento de peso da população brasileira dá indícios de que temos um problema de saúde pública. Segundo dado da Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no mundo mais de 1 bilhão de adultos com sobrepeso e 300 milhões com obesidade. A obesidade é fator de risco para problemas cardiovasculares, de diabetes, hipertensão arterial e certos tipos de câncer. Na saúde pública, o quadro de obesidade brasileira reflete em R$ 1,5 bilhão na conta do Sistema Único de Saúde (SUS).

Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE apontam que a obesidade cresce em todas as regiões do Brasil. Os números afirmam que “o sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos e nada menos que 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos”. Levando-se em conta o poder aquisitivo, entre os 20% mais ricos, o excesso de peso chega a 61,8% na população de mais de 20 anos. Também nesse grupo, concentra-se o maior percentual de obesos: 16,9%. No ritmo em que estamos, a previsão do IBGE é que, em dez anos, poderemos atingir os padrões norte-americanos.

Atenta aos dados de obesidade e sobrepeso, a Assembleia Mundial da Saúde, entidade deliberadora da OMS, chamou a atenção para o problema. Em seu documento, “Estratégia global em alimentação, atividade física e saúde”, a instituição adverte aos governos de todos os países que se comprometam em implantar políticas que estimulem padrões saudáveis de alimentação e de atividade física.

Desperdício

A trajetória do desperdício começa na produção de alimentos. O IBGE deu o alerta: “estamos desperdiçando cerca de 6 milhões de toneladas de alimentos”. Explicitando o desperdício, dados do Instituto Akatu, que trabalha pelo consumo consciente, 44% do que é plantado se perdem na produção, distribuição e comércio. Sendo, 20% na colheita, 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. No consumo caseiro e hábitos alimentares, as perdas acumulam mais de 20%. No total, o desperdício significa algo em torno de 64%.

Os números do Akatu sinalizam que, ao mesmo tempo em que 14 milhões de brasileiros passam fome, “o restante da população joga no lixo 30% de todos os alimentos comprados”. Os dados o Akatu são reforçados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a qual constata que o brasileiro desperdiça mais do que consome. Os dados do IBGE confirmam o consumo de 35 quilos por ano. Unindo os dados da Embrapa e do IBGE, a perda é 2% maior do que o consumo. O índice de hortaliças chega a 37 quilos. Essa situação tem um perfil que aponta 20% em casa, 15% nos restaurantes.

A preocupação com uma ampla conscientização sobre o desperdício tem consequências econômicas, ambientais e sociais. Dedicando-nos a combater o desperdício e a promoção de bons hábitos alimentares, proporcionamos o acesso ao alimento para boa parte da população. Dessa forma, levando bem-estar e vida saudável.

Soluções

Onde há problemas, temos de buscar soluções. As iniciativas de reversão dos dados assustadores são diversas e podem ser realizadas por todos. Existem várias atitudes que envolvem os mais variados atores sociais. O importante é conhecer o contexto e agir. Um exemplo é a aquisição de produtos locais e, ou, regionais, além de mais saudáveis e com custo mais baixo, contribuem para diminuir a poluição e o desperdício causado pelo transporte.

Em casa, nos restaurantes, nas escolas e instituições, podemos implantar a cultura do aproveitamento integral dos alimentos. No preparo, sempre que possível, reutilizar as cascas e talos. Todos podem resultar em sucos e tortas, bem como enriquecer arroz, sopas, risotos e outros.

O quadro brasileiro é um convite à intervenção nas políticas públicas municipais, estaduais e nacional de saúde, segurança alimentar e cidadania. Nas políticas e nos programas sociais, encontramos canais efetivos para realizar ações com atuação local, que contribuam na reversão desta que pode ser considerada uma agressão conjuntural colocada diante dos nossos olhos.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Desintoxicação digital


Alessandro Faleiro Marques*

Recordo aqui um artigo escrito por mim há algum tempo, intitulado “O segredo da desinteligência”. Passaram-se os anos, mas vi que quase nada mudou. Por isso, retomo alguns pensamentos. Como educador, cada vez mais me convenço de que existe o lado oposto da aprendizagem, do crescer acadêmico, espiritual e sapiencial. Essa parte tenebrosa é o “emburrecimento”, termo mais adequado ao nosso cotidiano. Nos meus tempos de faculdade, nenhum dos meus mestres ousou tocar no assunto do “não inteligenciamento”. Isso nos desanimaria ou seria um segredo só para os já iniciados?

Para mim, uma das causas do mal é a ingenuidade, o deslumbre idiota diante de certas inovações. Outro dia, li um artigo dizendo que adiantou pouquíssimo encherem-se de computadores as escolas. Fiquei impressionado com o fato de isso, sim, ter aumentado os casos de déficit de atenção. Em resumo, o projeto de abarrotar de aparelhos as salas de aula só serviu para dar mote para propaganda governamental, atrair pais e alunos (chamados de clientes pelas redes) e para encher a cabeça de crianças e adolescentes de muita, muita toxina digital. São tantas informações que os neurônios da moçada estão dando curto-circuito. O intento, a princípio bom, ainda saciou o desejo de orgasmo pedagógico de alguns mais “empolgados”, achando que a simples eletronicização didática colocaria escola e jovens “ligados ao mundo e à modernidade”.

Apesar do encantamento, está havendo pouco ou nenhum preparo dos educadores para melhor aproveitarem o recurso. Os jovens também não foram preparados. Adolescentes, crianças e adultos ficaram apenas boquiabertos com a tecnologia e, estéreis, entregaram-se a ela. Valorizou-se muito o meio, não o fim. Dias atrás, dei boas gargalhadas ao ver a foto de um colégio afiliado a uma grande rede promover a entrada solene de um tablet (cá entre nós, prefiro “tabuleta”) gigante, feito de madeira e que seria usado para... colar cartazes (!!!). Será que, nas décadas passadas, fizeram o mesmo com a máquina de escrever, o mimeógrafo ou a calculadora digital? Eu riria do mesmo jeito, creio.

O excesso de dados entope a cabeça das pessoas. É um fenômeno comum na Pós-modernidade, tempo marcado pela rapidez, barulheira, mosaiquices e descarte fácil de coisas, ideias e pessoas. Cabeça sufocada é fruto de mundo caótico e vice-versa, fazendo muita gente viver só porque nasceu.

Em vez de reclamar, ouso sugerir uma “campanha de desintoxicação digital”. Selecione suas leituras, seja frio. Descarte o inútil, veja o essencial. Faça o jejum cibernético e analise se realmente aquela parafernália real e virtual é essencial para sua vida.

Sejamos seletivos, questionadores e preocupemo-nos em colocar no devido lugar o útil mundo digital. Tenhamos cuidado para não sermos motivo de chacota gratuita de nossos descendentes. Digamos sim às maravilhas dos avanços, mas também ao olho no olho, ao inteligenciamento, às luzes; e proclamemos um sonoro não à avalanche de textos, vinhetas, piadas, curtidas, álbuns, fofocas, gráficos e infográficos. Desintoxiquemo-nos!


* Alessandro Faleiro Marques é professor, redator e revisor de textos. Texto original publicado no site da Athom 3 Consultoria (www.athom3.com.br).



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Curiosas medições da economia

Alessandro Faleiro Marques

Curioso: a cada dia, mais serviços nos Estados Unidos ficam paralisados por causa de picuinhas políticas entre eles. Empresas de lá e de outros países (inclusive do Brasil) estão tendo grandes prejuízos com essa bagunça típica de paisinho de ponta de aterro. Por que, então, ninguém fala do risco econômico estadunidense, do rebaixamento de nota por agências especializadas, de instabilidade, de artigo bombástico em revista inglesa...? Gostaria muito de ver o discurso dos neoliberais, até brasileiros, se o fechamento dos serviços tivesse sido do lado de cá. A politicagem de lá é mais refinada?


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Falta qualidade nas escolhas da alimentação fora de casa

Antônio Coquito*

Brasileiro está comendo mais açúcar, gordura e sal

O brasileiro come mal quando se refere à qualidade nutricional. A consequência da má alimentação é o crescimento de casos de câncer, doenças cardíacas, diabetes, hipertensão, obesidade, entre outros. Cerca de 70% da população fazem suas refeições em bares, restaurantes, lanchonetes e nos locais de trabalho e estudo. A realidade pode ser constatada na pesquisa sobre a Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Como comemos

Café da manhã, lanches rápidos, almoço e jantares. A vida cotidiana força à “alimentação na rua”. Os dados coletados pelo IBGE e pelo Ministério da Saúde (MS) na Pesquisa Medidas Referidas para os Alimentos Consumidos no Brasil - Pesquisa de Orçamento Familiar (POF-2008-2009) mostram mudanças significativas no hábito alimentar. Arroz, feijão, café, sucos, refrigerantes e carnes bovinas continuam tendo seu lugar nas opções de alimentos.

A radiografia do hábito alimentar, constatada na POF, preocupa ao apontar o crescimento do consumo de açúcares, gorduras e sódio. Traduzindo: aumentou-se a ingestão de biscoitos recheados, salgadinhos, pizzas, doces e produtos com alto teor calórico e com insignificantes valores nutricionais. No contraponto, cerca de 90% dos brasileiros não consomem frutas, legumes e verduras, contrariando a orientação do Ministério da Saúde. Também tem sido extremamente baixa a ingestão de cálcio e vitaminas D e E.

Dados alimentares

O IBGE e o MS sinalizam que os hábitos dos brasileiros que vivem nas cidades concentram-se em salgados fritos ou assados (53,5%), pizza (42,1%) e sanduíches/hambúrgueres (41,8%). Ao lado desses dados, outros números preocupantes são os de bebidas em excesso: o consumo de destiladas (50%) e de não alcoólicas (47,9%). Já para a população que vive no meio rural, os dados apontam sorvete (56,3%), pizza (52,6%), salgados fritos e assados (48,4%), bebidas destiladas (26,4%), refrigerantes diet-light (31,5%) e o regular (36,5%).

Na zona rural, segundo informações do IBGE/MS, há grande consumo de arroz, feijão, batata-doce, mandioca, farinha de mandioca, manga, tangerina (mexerica ou bergamota), peixes frescos, peixes salgados e carnes salgadas. Porém, nas cidades, os alimentos em alta são os prontos para o consumo e, ou, processados, como o pão de sal, biscoitos, iogurtes, vitaminas, sanduíches, pizza e salgados fritos e assados. Além destes, os refrigerantes, sucos e cerveja.

Essas informações se somam aos dados recém-divulgados pela pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011) que confirma a necessidade de mudanças nos hábitos alimentares. Os dados da Vigitel chamam a atenção para 49% da população brasileira com excesso de peso, configurado no alto consumo de refrigerantes e alimentos gordurosos.

Comportamento alimentar

O Instituto Data Popular averiguou o perfil do brasileiro que se alimenta fora de casa. De 65,3% da população, a classe C representa o maior percentual (54,6%). Seguindo, as classes D e E (20,6%) e as classes A e B (19,4%). Almoço, lanche, jantar e café da manhã: nessa ordem, estão as refeições feitas pelos brasileiros.

No conjunto das refeições, o almoço tem a maior concentração de pessoas. O fato se deve à jornada de trabalho levando a essa opção em ambiente externo à moradia. Do universo da pesquisa, as classes D e E correspondem a 69,5%. As classes A e B (69,2%) e a C (68,1%) realizam refeições fora do domicílio.

Os lanches são a segunda refeição com maior percentual. As classes D e E representam 61,3%. As classes A e B, 60,7%; a classe C, 57,2%. O jantar, que aparece como opção de lazer para os entrevistados, tem nas classes A e B o maior percentual (56,4%), seguido pela C (28,7%) e D e E (23,1%). Para o café da manhã, as classes D e E têm o percentual de 16,8%. Na segunda posição, aparecem as classes A e B, com 16,1%; e, na terceira, a C, com 10,9%.

Crianças e adolescentes

As informações da pesquisa IBGE-MS fazem um alerta, ou seja, uma de cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos estão acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo MS. No caso dos adolescentes brasileiros, os índices identificam que, na faixa etária de 10 a 19 anos, houve um salto de 3,7% (1970) para 21,7% (2009) nos casos de sobrepeso e obesidade.

Foi identificado que população infantojuvenil consome pouco feijão, saladas e verduras. Os números afirmam que 50% dos adolescentes comem fora de casa e consomem salgados (industrializados, fritos ou assados), pizza, refrigerante e batata frita. Dos números, “o consumo de biscoitos recheados foi quatro vezes maior entre adolescentes. Já nos sanduíches, os adolescentes e jovens adultos consomem duas vezes mais que os adultos e idosos”, cita o documento.

A consciência da opção saudável

Os dados do IBGE/MS dão conta de um desafio nos hábitos alimentares saudáveis fora de casa. A conscientização centrada na boa educação alimentar deve ser uma atitude permanente, contribuindo para a qualidade de vida de todos nós.

Em relação às crianças e aos adolescentes, os profissionais de nutrição ligados à alimentação escolar têm papel fundamental ao desenvolver ações de conscientização pelos hábitos saudáveis junto aos estudantes, pais, trabalhadores da educação e população em geral.


* Jornalista, especialista em Marketing e Comunicação com Ênfase Temáticas Sociais, Cidadania e Direitos Humanos, Políticas Públicas, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Socioambiental.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Curiosidade: o que São Francisco quase disse

"São Francisco de Assis e cenas de sua vida." Ícone pintado por Bonaventura Berlinghieri, em 1235, uma das primeiras representações do famoso santo.

Alessandro Faleiro Marques*


Curiosidade: "Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz; onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão...". Essa oração, mesmo linda, não é de São Francisco (1182-1226), mas dedicada ao santo italiano. Foi escrita por um religioso francês e no início do século XX, tempo de muito sofrimento. A confusão surgiu porque ela foi impressa no verso de uma pequena estampa do famoso santo. Assim, começou a ser popularmente chamada de "Oração de São Francisco".

Sugiro conhecer a inigualável e doce prece "Cântico das Criaturas", esta, sim, do Santo de Assis, composta pelo ano de 1224. A seguir, veja a oração em português e o texto original, em dialeto úmbrio.


Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
a ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
A ti só, Altíssimo, se hão-de prestar
e nenhum homem é digno de te nomear.

Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão Sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumias.
E ele é belo e radiante, com grande esplendor:
de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas:
no céu as acendeste, claras, e preciosas e belas.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Vento
e pelo Ar, e Nuvens, e Sereno, e todo o tempo,
por quem dás às tuas criaturas o sustento.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Fogo,
pelo qual iluminas a noite:
e ele é belo, e jucundo, e robusto e forte.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã a mãe Terra,
que nos sustenta e governa, e produz variados frutos,
com flores coloridas, e verduras.

Louvado sejas, ó meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor
e suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados aqueles que as suportam em paz,
pois por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, ó meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal,
à qual nenhum homem vivente pode escapar:
Ai daqueles que morrem em pecado mortal!

Bem-aventurados aqueles que cumpriram a tua santíssima vontade,
porque a segunda morte não lhes fará mal.

Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças
e servi-o com grande humildade…


Texto original


Altissimu, onnipotente bon Signore,
Tue so' le laude, la gloria e l'honore et onne benedictione.
Ad Te solo, Altissimo, se konfano,
et nullu homo ène dignu te mentovare.

Laudato sie, mi' Signore cum tucte le Tue creature,
spetialmente messor lo frate Sole,
lo qual è iorno, et allumeni noi per lui.
Et ellu è bellu e radiante cum grande splendore:
de Te, Altissimo, porta significatione.

Laudato si', mi Signore, per sora Luna e le stelle:
in celu l'ài formate clarite et pretiose et belle.

Laudato si', mi' Signore, per frate Vento
et per aere et nubilo et sereno et onne tempo,
per lo quale, a le Tue creature dài sustentamento.

Laudato si', mi' Signore, per sor Aqua,
la quale è multo utile et humile et pretiosa et casta.

Laudato si', mi Signore, per frate Focu,
per lo quale ennallumini la nocte:
ed ello è bello et iocundo et robustoso et forte.

Laudato si', mi' Signore, per sora nostra matre Terra,
la quale ne sustenta et governa,
et produce diversi fructi con coloriti flori et herba.

Laudato si', mi Signore, per quelli che perdonano per lo Tuo amore
et sostengono infirmitate et tribulatione.
Beati quelli ke 'l sosterranno in pace,
ka da Te, Altissimo, sirano incoronati.

Laudato si' mi Signore, per sora nostra Morte corporale,
da la quale nullu homo vivente po' skappare:
guai a quelli ke morrano ne le peccata mortali;

beati quelli ke trovarà ne le Tue sanctissime voluntati,
ka la morte secunda no 'l farrà male.

Laudate et benedicete mi Signore et rengratiate
e serviateli cum grande humilitate…


* Redator, professor e revisor de textos.


sábado, 28 de setembro de 2013

Nosso nome, nossa autoestima

Alessandro Faleiro Marques*

Ninguém melhor do que nós mesmos para saber como um nome é importante. Ele costuma trazer não só a nossa história, mas também a de nossos pais, as escolhas e as inspirações que tiveram antes de nós chegarmos a este mundo de Deus. Mas, quando eles se descuidam, somos condenados a passar a vida inteira soletrando ou ouvindo comentários inconvenientes. Uma irritante e pesada cruz verbal.

Tempos atrás, publiquei no Quase sem Mistério um comentário sobre o nome do principezinho inglês, filho dos badalados William (Guilherme, em português) e Kate (apelido de Catarina). Disse que os brasileiros logo começariam a copiar o nome bebê: George Alexander Louis (Jorge Alexandre Luís). E não deu outra. Agora, os mais “espertos” desenham as letras num pedaço de papel e têm somente o trabalho de entregá-lo ao atendente do cartório; os outros, ainda mais “espertos”, ditam a frase para o coitado do outro lado do balcão e joga para ele a responsabilidade da grafia. A depender do caso, o resultado de ambas as opções pode ser explosivo e, pior, tragicômico.

Estou impressionado com a baixa autoestima dos brasileiros. Temos um dos mais belos e vivos idiomas ocidentais, muito sonoro e suave, com suas inúmeras e ricas variantes. No entanto, muitos de nossos nomes modernos têm origem no inglês, francês, italiano (como o meu, mas ele me encanta) e, quando muito, em latim, russo ou grego. Outros vieram de lugar nenhum. Frutos de puro modismo, mau gosto, idolatrismos, ignorância, caricaturas lexicais, fundamentalismos. Aparecem até apelidos e sobrenomes gringos. São graças sem graça.

Muito além da celebrada antropofagia dos modernistas, alguns prenomes são verdadeira violência contra os bebês. Experimentei constrangimento alheio quando soube de um trabalho de escola. A bem intencionada professora pediu aos alunos que pesquisassem em casa o motivo da escolha de seus nomes. Muitos pais não souberam responder, e os pequenos devolveram em branco o outrora alegre formulário.

Ainda no âmbito escolar, algumas crianças, mesmo em séries mais avançadas, têm dificuldades de grafar como se chamam. Também, diante de tanto k, y, w, h (mudo ou não) e letra dobrada... Não é necessário existir uma lista fechada como em Portugal, mas um pouco de carinho e bom senso faz grande diferença.

Nome de tudo é algo sagrado. É a substância, o substantivo. No Mito da Criação, Deus apresentou ao primeiro homem as criaturas para que este as denominasse. E o Criador respeitou as escolhas de Adão (Gn 2,19-20). Herdamos daí o “nome de batismo”. Por essas e outras, Deus, o Cara, o Todo-poderoso e cheio de bondade, também nos chama pelo nome, por isso devemos caprichar.

Viver é fácil


Para quem gosta de corrigir texto dos outros (nem olhe para mim!), lembro que as regras de ortografia também valem para nomes próprios. Isso vale para pais e profissionais dos cartórios. Outra coisa, alguns podem, sim, ser traduzidos, como de papas e monarcas. Em Portugal e países de língua espanhola, a soberana da Inglaterra é chamada de Isabel, o herdeiro direto é o príncipe Carlos, pai dos príncipes Guilherme e Henrique. O Papa Francisco (em português e espanhol) atende por François, Francesco, Franciscus, Francis, Franciszka e Franziskus, respectivamente em francês, italiano, latim, inglês, polonês e alemão.

E mais, não somos obrigados a pronunciar como em outro idioma. É um equívoco, por exemplo, rir de quem diz “Freudi” (em vez de Froidi) ao se remeter ao Pai da Psicanálise. Por aqui, as letras “e” e “u”, quando juntas, têm som de “eu” e não de “ói”. Desconheço lei que nos obrigue a saber alemão. Para testar, experimente pedir a estrangeiros a leitura de alguns nomes brasileiros. Surpreenda-se! A baixa autoestima cultural também se vê no mundo acadêmico.

Uma curiosidade: depois do falecimento de um cidadão, podemos adaptar a grafia do nome e sobrenome para a norma atual. Portanto, Raphael pode virar Rafael, sem estresse! Como diz meu amigo Jefferson (carinhosamente chamado por nós de Genésio), “Viver é fácil, nós é que complicamos”.

Eu e alguns amigos levantamos alguns nomes em listas, notícias e até obituários (sim, nossas crianças morrem) (veja a seguir). Um espetáculo de criatividade de uns e de gosto pra lá de duvidoso em outros; visto, é claro, pelo âmbito do idioma. Quando foi possível, procurei separar certos duplos ou triplos. Deixo ao seu engenho uni-los. Meus sinceros respeitos aos donos e meus protestos a alguns dos “adãos” de hoje.

Aia (no dicionário, veja o significado)
Albenirson
Aleçandro (a intenção da moça do cartório foi boa)
Aleksander (Alecsander, Alexsandre, Alexssander...)
Alessandro (você acha que ficaria de fora desta lista?)
Alexanderson
Carolinny (e derivados: Karollini, Karollyny, Carolliny...)
Cauan (e derivados: Cawã, Cauãm, Cauã...)
Cinddykelli
Cindy Kelly (a mãe pediu que as palavras fossem lidas juntas e rapidamente)
Cleidiney (também Kleydinney, Kleidinei, Creiddiney)
Clis Albert (achei também Chris Alberty e Crizalbertty)
Creydinei
Creópatra
Cristhynna (Kristtyna, Khristynna...)
David (em português, há muito tempo, não é mais necessário o “d” final)
Dedislayne (também Dedysllane e Dadislanny, obviamente tudo com pronúncia em inglês)
Diana (é claro que em pronúncia inglesa parecida com “Dæian”, e dezenas de derivados: Dyanne, Dianny, Dayane, Daiani, Deianne, Dayyanny...)
Dieghytto
Drynielle
Ednelson (também Edynewson)
Elleyr
Erectina
Eryk (e derivados Hériki, Ériki, Érickky, Heryky... os acentos foram por minha conta)
Farmy
Franklin (um brasileirinho da gema)
Gernerson
Gideone
Grayce
Grauciney
Greis Kele (e os nobres Creicikely, Greyciquelli)
Isabella Karolliny
Izabbely (e derivados Ysabella, Yzabelly...)
Jane Kelly
Jannaynnah (Janaína)
Jennyffer (Gennyfer...)
Jessyka (e derivados Géssika, Jhéssica, Jecica, Gecica)
Jhenifi
Jhonatanael
John Kennedy (é lógico que não poderia faltar um)
Jocycrey (Jocicley, Jociklei: quando eu puder, farei um comentário sobre este nome)
Kace (também Keici, Keyce, Keyccy...)
K.L.Jay
K.S.Jay (mesma família do anterior)
Kate Suellen
Kathlin (e também Kathllyn e muitíssimos outros derivados)
Kayanne
Kaylane Kerolin
Kellya (achei com a pronúncia Kélia e Kelía)
Kimberlly
Letisgo (pronuncia-se como o inglês “let’s go!”)
Leydianny (também Leidianne, Leydiano, Leidianno, Leyddyanne...)
Mardenson
Marllony
Marlon Filipy
Mayki
Maykssuel (e centenas de bilhões de derivados)
Maykou Jékson (é claro que o rei do pop não ficaria de fora!)
Mygnocca (Minhoca, em nossa pronúncia)
Nathanaelsson
Neon
Neviton (pronuncia-se Néviton)
Niccolly (e também Nicolly, Nycolli, Nyccolly...)
Nittyelli
Ozzeny
Paolette (masculino)
Pollyanna (Pollianny e trilhões de derivados que não caberiam aqui)
Rikelme Wilkker (e também Riquellmi, Riquelmmy...)
Rizzia
Ronald Hector (também Ronnaldy, Ronalddy...)
Ruan (derivado do espanhol Juan. Também vi Juán, Xuan, Ruwann)
Scoth Traback
Suenny (também Swene, Suweny)
Syndycley (e variantes Cindycley e Sindicrey)
Talysson
Thalles Fellippe
Víctor (não se deveria acentuar nesse caso)
Waldisney (inspirado em Walt Disney, mas com som de “v” no início; também achei Valdisnei e Ualddisney)
Walliton (também Wallyton, Wallitson...)
Wandeyrson (pronúncia inicial com “V”)
Yulária
Yzabbel (e derivados Isabbel, Ysabbel e até Usabell)
Zenoelson

Deixe seu comentário, contando se você conhece algum nome que merece entrar nessa lista. Também você pode dizer se gosta de seu nome ou se você irá se inspirar nesse rol.


* Professor, revisor de textos e especialista em Direito Público.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dica de leitura: veja outra cidade à sua frente

Alessandro Faleiro Marques

Recomendo o livro "Bairros pericentrais de Belo Horizonte: patrimônio, territórios e modos de vida", do qual eu fiz a revisão. Há uma coletânea de estudos interessantíssimos sobre os bairros que circundam o Centro de Belo Horizonte, a primeira cidade planejada do Brasil. Quem não é de BH também pode aprender muitas coisas sobre urbanismo e relações humanas. Vale a pena conhecer. A obra, organizada por Luciana Teixeira de Andrade e Michele Abreu Arroyo, é publicada pela Editora PUC Minas. Depois desse livro, nunca mais vi a cidade (ou melhor, as cidades) com o mesmo olhar. 

Veja mais:

- Página na Editora PUC Minas
- Notícia sobre o lançamento (setembro de 2012)


sábado, 21 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ruas “esquecem” a dívida pública

Alessandro Faleiro Marques*

Nas ainda enigmáticas manifestações de junho, todo mundo reclamou de tudo e em todo lugar. Mas parece que um tema ficou de lado ou entrou na antipauta dos grandes conglomerados de comunicação: a dívida pública brasileira.

Maria Lucia Fattorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã, contou à IHU On-Line, do Instituto Humanitas Unisinos, que quase metade do orçamento federal de 2013 era destinada ao pagamento da dívida pública brasileira. Isso representa, pelo menos oficialmente, 900 bilhões de reais para quitar juros e amortização. Para se ter ideia do estrago disso, 71,7 bilhões foram previstos para a educação, 87,7 bilhões para a saúde e 5 bilhões para a reforma agrária.

Assombrosamente, jamais essa dívida passou por auditoria, contrariando o artigo 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988 (veja abaixo). E as aberrações seguem. O pagamento dessa carga tem prioridade sobre todos os outros investimentos, segundo Maria Lucia. Quando falta o dinheiro para os credores, logo ele é tirado das reservas destinadas aos serviços essenciais, como educação, segurança, saúde e transporte públicos. Nesse ponto, FHC, Lula e Dilma leem quase na mesma cartilha, como os antecessores, desde a ditadura.

Para os críticos ou defensores do “Bolsa Família”, uma porção de pólvora para animar o assunto. No orçamento de 2013, o que se gastaria no programa social durante todo o ano corresponde apenas a nove dias de encargos com a dívida. O programa pretendia atingir a 13,5 milhões de famílias, por outro lado, pouquíssimas instituições financeiras daqui e de fora, detentoras dos títulos, receberiam a gigantesca fatia do bolo. Maria Lucia Fattorelli, de forma precisa, chama a esse pagamento “bolsa rico”. O pior, nada garantiria o uso de todos os 22 bilhões previstos para o Bolsa Família, pois poderiam ser bloqueados para aplacar a ira dos credores.

Quanto os investimentos em educação, o orçamento de 2013 programou 71,7 bilhões de reais. Isso é 12 vezes menor do que o valor voltado para a dívida e 1,44% do PIB projetado para este ano. Já mandaram avisar: os sonhados 10% do PIB para nossos educadores e estudantes devem ser alcançados só em 2023. Mais gasolina no fogo: míseros 9,3% são destinados a estados e municípios, esferas mais próximas do povo. A maior parte dos gastos na educação é financiada justamente por essas esferas. Com esse modelo, é difícil crer num sólido desenvolvimento do Brasil.

Apenas 24,57% da dívida têm juros atrelados à taxa Selic, a outra parte tem índices ainda maiores e totalmente controlados pelos bancos e desfavoráveis a nós. Como sou das Letras e não dos números (mas não menos cidadão por isso), menciono que há uma série de outras manobras contábeis e retóricas, todas graves e denunciadas por Maria Lucia e por instituições dedicadas a essa causa. Eu quase ia esquecendo: na primeira metade de 2012, a dívida interna alcançou 2,74 trilhões de reais (trilhões!), e a externa, 416 bilhões de dólares.

O tema, como se vê, é amplo, mas fundamental para se direcionarem os debates. Protestar contra o neoliberalismo, o capitalismo, a corrupção, o governo é generalizado demais e pouco produtivo. Um verdadeiro néctar ideológico para os dominadores. Conforme progredirem os acontecimentos, é bom todos nós ajustarmos o foco e não nos esquecermos de que já nascemos devedores de alguma coisa, até de dinheiro.

O que diz o artigo 26 dos ADCT (ano de 1988)

Art. 26. No prazo de um ano a contar da promulgação da Constituição, o Congresso Nacional promoverá, através de Comissão mista, exame analítico e pericial dos atos e fatos geradores do endividamento externo brasileiro.
§ 1º - A Comissão terá a força legal de Comissão parlamentar de inquérito para os fins de requisição e convocação, e atuará com o auxílio do Tribunal de Contas da União.
§ 2º - Apurada irregularidade, o Congresso Nacional proporá ao Poder Executivo a declaração de nulidade do ato e encaminhará o processo ao Ministério Público Federal, que formalizará, no prazo de sessenta dias, a ação cabível.


Em outro artigo, mostrarei o resultado da corajosa auditoria na dívida do Equador. Surpreendente!


* Alessandro Faleiro Marques é especialista em Direito Público, professor e revisor de textos.


sábado, 14 de setembro de 2013

Aparição ou assombração?

Alessandro Faleiro Marques

Realmente há muita ovelha perdida por aí. Agora uma tal Fraternidade e outros promoters esotéricos andam agendando "aparições" da Virgem Maria por todo lado. Precisa ver o monte de gente, principalmente de católico meia-boca, aglomerou-se para assistir ao "fenômeno". 

Pessoal, não perca tempo! Vá para casa e assista ao futebol e até à "bendita" novela. De repente, rola até de passar num botequinho e tomar uma gelada. Com certeza, se a companhia for boa, os ganhos espirituais serão muito mais proveitosos. Quem gosta de ver mágica, que tal ir a um circo? Não seria melhor valorizar um artista?

Em tempo: quem quiser saber o que Maria tem a dizer e, o melhor, ver o exemplo que ela nos deixou, basta consultar os Evangelhos. Se tiver tempo e curiosidade suficientes, veja também os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse. Está tudo lá!

No mais, estou achando é que essa gente anda vendo mesmo é assombração! Cruz credo, ave Maria!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Uma relíquia na torre


Alessandro Faleiro Marques

Nestes cem anos, a Matriz de Nossa Senhora do Carmo tem sido um cenário privilegiado onde Deus e homens se escutam. As largas paredes do imponente templo de Carmo do Cajuru, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, são testemunhas de quantos ali se fizeram santos por meio do Evangelho ecoado pelas vozes de presbíteros, da rústica doçura do coral litúrgico, do perfume solene do incenso e da luz devota das velas.

Poucos, porém, conhecem um segredo marcado na torre. Em um canto privado da luz do sol e dos olhares piedosos dos cajuruenses, há uma relíquia de um desses santos formados em nossa paróquia-mãe. Uma lembrança deixada em 1980 por um humilde jovem está grafada na parede interna voltada para o sudoeste, na altura do telhado da nave central. Nesse lugar, lê-se “Gerson”, simplesmente.

Algumas vezes, tive o privilégio de subir pela torre, chegar perto dos sinos e contemplar, do alto, a vista da cidade. Maior honra, contudo, foi ver a lembrança deixada por aquele jovem operário, ajudante de meu pai e amigo de toda a minha família. Uma espécie de pequeno oratório nosso dentro da igreja centenária.

Esse rapaz, há muito “canonizado” por nós, trabalhou como servente de pintor na reforma da matriz, promovida pelo cônego João Parreiras Villaça bem no final da década de 1970. Era alegre, de voz suave, corpo magro, pele e cabelos claros.

Uma tragédia, contudo, tornou nublado um dia de folga. Uma arma de chumbinhos, disparada acidentalmente ao cair no chão, levou o sofrimento ao moço, na época, com 17 anos. Ele lutou pela vida durante muitos dias no Hospital São João de Deus, em Divinópolis. Jesus o quis presente na reforma do templo físico e também na sua própria Paixão divina. Gerson não carregava mais escadas ou latas de tinta, mas o próprio peso da Cruz. Num úmido início de noite de outubro de 1981, com intensa agonia, ele nos deixou. Tudo estava consumado.

A agonia de Gerson Santil, filho de família bondosa do Bairro Bonfim, deixou muito comovidos a nós e ao próprio cônego João. Lembro-me do célebre pároco presidindo a missa de corpo presente dentro daquele templo que o trabalhador pouco antes ajudara a embelezar. Um homem canonizado pelo povo saudava outro santo do próprio povo. Uma história grandiosa, mas silenciosa, como são muitos dos mistérios de Deus. Hoje, lá na torre, na singeleza de umas pinceladas, está o nome de um anjo, profeticamente representando outros milhares de anônimos que, rodeados por essas paredes, salvaram-se para Deus.

Um dia, algum desavisado pintor apagará a inscrição, até há pouco respeitada pelos colegas que participaram das reformas nas décadas seguintes. Outra profecia de um evangelho do cotidiano: as coisas deste mundo passam, mas não o nome dos que vivem em algum lugar do coração de Cristo, o Templo Vivo.

* Dedico esse texto à família e amigos de Gerson, e aos trabalhadores de Carmo do Cajuru, meus conterrâneos.



Compus esse texto para o concurso do centenário da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, celebrado no dia 15 de setembro de 2012, em Carmo do Cajuru-MG. Nesse templo, eu e muitos de meus parentes atuais e ancestrais fomos batizados. Ouvi dizer que fui desclassificado porque eu falava somente da torre e não do templo (rsrsrs). Acho que, com o dedo errado, mostrei a Lua. Seja como for, viva minha terra!


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Veja, o MST e a minha formação

Eduardo Sabino*

Na semana passada, entre goladas de cerveja, alguém me falou sobre investimento em educação, e me lembrei de que o governo de São Paulo renovou milhares de assinaturas da revista Veja para escolas da rede estadual. Outro dia, na tevê, a Dilma falou sobre investimento na educação, e me lembrei de que o governo paulista renovou milhares de assinaturas da revista Veja para escolas públicas de São Paulo. Hoje, no Facebook, alguém falou sobre o danado do investimento, tão desgraçadamente necessário, e me veio à cabeça, mais uma vez, os exemplares da Veja chegando às escolas.

Há quem enxergue essa situação sem revolta e angústia. Afinal, a revista não entra sozinha na biblioteca escolar. Trata-se de uma opção, uma narrativa de mundo a mais. Compete ao professor, caso decida usá-la, fazer isso de modo crítico, multifacetado, produtivo.

E quando isso não ocorre?

Regresso dez anos no tempinho que já gastei por aqui e caio exatamente no final do ensino médio, na escola pública onde estudei. Penso no significado dessas revistas numa época não tão distante. Meu colégio comprava ou recebia gratuitamente exemplares, e a leitura era incentivada nos trabalhos letivos.

Recordo os cartazes com recortes de reportagens, os debates em sala de aula, a explanação dos professores. Tive bons educadores, que seguiam por caminhos amplos, mas, para muitos, a Veja era um recurso pedagógico dos mais confiáveis.

Havia casos de possessão. As ideias da revista Veja se personificavam no meu ex-professor de Geografia. Quem não crê na “teoria da bala mágica”, na qual a mensagem midiática atinge o cérebro do receptor como uma bala certeira, sem resistências, deve abrir ao menos uma exceção para esse cara. Levava a Veja pelos corredores como um crente com a Bíblia debaixo do braço. Contra a revista não se emitiam argumentos.

Detinha um jeito de super-homem, um poste jogando luz em formigas. Não aceitava ser interrompido. Perguntas eram postas pelo palestrante em dois blocos: o das coisas que ainda seriam comentadas e o das que já foram faladas e não receberam a devida atenção do aluno com dúvidas. “Pergunte aos seus colegas. Quem pode explicar para ele?”. E dá-lhe papagaios com a mão erguida.

Discussões? Não havia espaço para isso. Se o questionamento persistisse, ele oferecia o giz ao aluno rebelde, colocava o posto à disposição e acabava logo com a teimosia do infrator. “Quem é o professor aqui?” Se brotasse uma conversa paralela, nem que fosse sobre o conteúdo da aula, ele se sentava para folhear a famigerada revista. Seguia lento e tranquilo, até estarmos todos em silêncio. O silêncio das folhas em branco.

Sobre o MST, aprendemos a cartilha da Veja. O problema do Movimento dos Sem-Terra passava longe da reforma agrária (e da falta dela), da concentração de terras nas mãos de latifundiários, da Constituição da República, na qual o direito à moradia e a sobrevivência está à frente do direito à propriedade.

O problema do MST era o próprio MST. Disputas internas, vandalismo nos protestos e “oportunismos típicos do jeitinho brasileiro”. Para entendermos melhor, o professor X desenhava no quadro os sem-terra como bonequinhos com enxadas nas mãos. “Vamos supor que esse fulaninho aqui ganhou o seu terreno. Ele se dá por satisfeito? Não, ele volta ao movimento.” Não ocorria jamais ao papagaio da Veja o quanto o movimento se enfraqueceria se os “oportunistas” o abandonassem ao receberem seus benefícios.

Nenhum fenômeno sobrenatural acontecia para mostrar como aquele cara estava errado. A aula era uma rua sem saída. Saíamos dela mais ignorantes e preconceituosos. Como questionar? Havia uma relação de confiança com o texto profissional. Livros, jornais e revistas eram apresentados como suportes da verdade. Se estava escrito, estava certo.   

A vida também pode ser um processo de desintoxicação mental. E tive a sorte de conhecer amigos, livros e professores que me ajudaram a enxergar as coisas de forma menos superficial.

Fechados os parênteses da experiência pessoal, digo, sem medo: não chego a dar pulos de alegria quando falam em investimento educacional. Quase sempre se referem à educação como essa máquina de tornear peças para o mercado e fazer as mercadorias circularem. A educação que forma trabalhadores, consumidores, e às vezes deixa escapar, como defeito de fábrica, um sujeito pensante. Uma educação para o mercado, fechada para o restante do mundo, longe de contribuir para a emancipação do homem.

Dito isso, desejo melhor sorte aos moleques das milhares de escolas abastecidas com a revista Veja. Que a internet e seus compartilhamentos de boas ideias ajudem vocês a ridicularizem um possível professor de Geografia alienado e metido a besta. Que o exemplar da Veja, novinho, recém-chegado na biblioteca da escola, permaneça no plástico, isolado em cofre de chumbo, e não contamine ninguém.


* Escritor e jornalista.



terça-feira, 10 de setembro de 2013

“Os menino travesso tá jogano bola!”

Alessandro Faleiro Marques*

O título deste texto fala de um ou mais “menino”? Se você disse que ele se refere a pelo menos dois moleques, você está correto. Agora, tente responder à próxima pergunta: em qual idioma foi escrito o título? Se você disse português (vale brasileiro), acertou de novo. Sim, a frase no título mostra uma manifestação oral do português brasileiro. Mais uma surpresa: ela está dentro dos modelos de uma gramática. Isso mesmo! E você pode ficar tranquilo (talvez) porque ainda estou em meu juízo.

Para a tristeza de alguns poderosos, a gramática não é apenas aquele livro pesado, cheio de regras, exceções e notas de rodapé. Existe em todos nós uma gramática interna, às vezes muito diversa daquela que somos obrigados a comprar e a venerar nas aulas de Língua Portuguesa por aí. E o mais chocante (menos para os cientistas da linguagem): essa estrutura “genética” costuma ser mais bem bolada e prática do que aquelas listas de normas estudadas por nós somente porque serão cobradas em provas; vide os abstratos regulamentos de colocação pronominal, alienígenas ao uso brasileiro.

Na área linguística, a sabedoria popular tem muito valor, como deveria ser em todas as outras. Note que, na frase, o falante usou o plural apenas no artigo “os”. Isso bastou para toda a ideia se remeter facilmente à existência de mais de um agente na oração. No português formal, imprecisamente chamado de “português certo”, a estrutura seria bem diferente: “Os meninos travessos estão jogando bola!”. Se, na primeira, apenas uma palavra foi para o plural, na segunda, houve concordância em quatro delas. Nem sempre o mais complicado é o mais avançado. Que o digam os mecânicos.

Em uma língua, a lei do menor esforço não é necessariamente a da preguiça. O fenômeno é levado muito a sério e, com outros elementos, também explica algumas alterações em “jogano”, no lugar do gerúndio formal “jogando”, e “tá”, em vez de “está” (ou “estão”, na conjugação formal). Isso ocorre no desenvolvimento de nosso idioma: o latino “horologĭum” virou “relógio”, e ninguém questiona a forma deste último. Como se esquecer aqui do clássico “Vossa Mercê” para “você”?

Um mero “certo ou errado” como argumento numa área imprecisa e bela como a da língua reduz muito as possibilidades de ampliar a reflexão dessa ciência. Mais do que corrigir o outro, o ideal é estudar o motivo de alguém falar deste e não daquele modo. Há muitas razões. O certo mesmo é buscar entender o fenômeno. Posso lhe garantir: há um tesouro a ser descoberto, expondo nosso contexto atual, o nosso passado e até como será com nossos descendentes. A chave para esse baú é o não preconceito e o desejo de se ter mais sabedoria do que só inteligência.

Em outra oportunidade, refletirei um pouco sobre a ideia de “português culto”.


* Professor, redator e revisor de textos.



Literatura: conheça “O coração do Tártaro”



Alessandro Faleiro Marques

“Eu te encontrei.” A frase breve ao telefone obriga Zarza, uma editora de livros medievais, a voltar a tempos, lugares e situações aos quais ela evita há muito tempo. “O coração do Tártaro”, da escritora, jornalista e filósofa espanhola Rosa Monteiro, é um romance que mostra que a escuridão e o próprio inferno estão mais próximos do que se imagina. Ao longo do livro, os misteriosos telefonemas não param e levam a protagonista a um mundo cada vez mais caótico, mas seu, forçando-a dolorosamente a uma nova oportunidade. Rosa Montero consegue uma interessante combinação entre bem escolhidas histórias medievais e o enredo do romance. Mesmo com o clima cinzento, a obra tenta levar o público a acreditar que um raio de luz é possível a quem não lhe fecha os olhos.

MONTEIRO, Rosa. O coração do Tártaro. Barcarena (Portugal): Editorial Presença, 2003. 209 p.



sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Começa é assim... o Dia do Irmão

Alessandro Faleiro Marques

Esse tal de Dia do Irmão (5 de setembro) está me cheirando armação para movimentar a máquina econômica. Ocorreu o mesmo com o Dia das Mães, das Crianças, dos Pais, dos Namorados e até o Natal. Começaram em abraços, cartões, flores e terminaram em corre-corre e tumulto em lojas. Não nos esqueçamos de que este início de setembro é meio morto para o comércio. Perdoe-me o chavão, mas irmãos (e mulheres, pais, avós, crianças, mães...) devem ser homenageados o ano inteiro.


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Jovens engajados, imprensa e JMJ

Jovens de pastorais sociais participam do
Grito dos Excluídos, em 7 de setembro de 2012, em São Paulo-SP


Bem que eu notei que faltava alguma coisa... Na Jornada Mundial da Juventude, os veículos de comunicação registraram a grande festa dos jovens no Rio de Janeiro. Muita dança, som alto, olhinhos fechados e mãozinhas pra cima louvando e aplaudindo a Jesus. Alguma coisa me fazia perguntar onde estariam os jovens das pastorais sociais da Igreja. Por onde andariam, na Jornada Mundial da Juventude, os engajados nas pastorais afro-brasileira, indígena, da terra, da juventude, da criança, operária, da saúde...? Até que, tarde da noite, um jornal da Rede Pública de Televisão (repito, Rede Pública) mostrou que, felizmente, esses nossos irmãos estavam lá. Com bandeiras dos respectivos grupos e do Brasil, cruzes e faixas, protestavam profeticamente contra as injustiças em nosso País. Não vi nada deles nas emissoras católicas e muito menos nas grandes emissoras (é claro!). Estou feliz por ser irmão desses jovens que denunciam as trevas e anunciam a luz. Esses, sim, às vezes silenciosos e quase sempre silenciados, enchem-me de orgulho de ser cristão e explicam verdadeiramente por que nosso Papa tem nome de Francisco. Pronto, falei!


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Culinária ogro

Torresmo, você não vale nada, mas eu gosto de você! Tenho-o dito! Pronto, falei!

domingo, 25 de agosto de 2013

Clericalismo?

Não tenho resposta para estas perguntas: de repente, tornar-se um cristão animado e interessado porque o Papa atual também é animado, interessante e carismático não seria uma forma de clericalismo? E se ele, como humano que é, falhar em alguma coisa? A fonte do ânimo de um cristão não deveria ser Cristo, sempre? No mais, o Chico está matando a pau!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Preciosíssimos amigos

Acredita que eu já joguei futebol? Quero dizer, joguei não, eu estava lá... Alguns de meus preciosíssimos amigos em foto histórica tirada lá pelo ano de 1997. Dinheiro não tenho, mas sou milionário de amizades. Mooooorram de inveja!


Escalação

De pé, da esquerda para direita: Júlio (meu irmão), Anselmo, Edson, Omar e Alan
Agachados: Cláudio Luciano (Lu), eu, o pequeno André e Fábio.

Felizmente tenho tantos amigos que daria uma arquibancada cheia. Graças a Deus!



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Conhecimento pelo nariz

Já que tem gente mandando cheirar a Bíblia, acho que vou fazer o mesmo com os livros de Guimarães Rosa. Acho mais produtivo. A mensagem Bíblica foi feita para ser vivida, estudada, contemplada e propagada. Penso que cheirá-la não ajuda muito. Pessoal, mais evangelho e menos espetáculo. Pronto, falei!

Falta uma obra para a Copa de 2014

 http://pracalivrebh.wordpress.com/category/praia-da-estacao/
Movimento Praia da Estação,
em Belo Horizonte.
Alessandro Faleiro Marques*

Foram acionadas as máquinas que prepararam o Brasil para a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Os palcos de concreto e grama serão totalmente reformulados para as partidas do torneio mundial. Com pirotecnia política e incenso da imprensa chapa-branca, estão sendo anunciadas obras importantes em ruas e estradas, aeroportos, hospitais e monumentos. Parece faltar só uma coisa: os ajustes no nosso espírito.

Peço a você, leitor, a permissão para eu tomar como exemplo a gigantesca e provinciana Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Nascida com jeito para o moderno, BH foi um laboratório privilegiado para o projeto de Brasília, antes de esta ser base para outras cidades planejadas. O concreto e o asfalto falam bem mais alto na ex-Curral del-Rei, a ponto de ela perder, na mesma pressa que ganhou, o título de Cidade Jardim. Quanto às obras físicas, enfim, Belo Horizonte tem boa chance de dar espetáculo. Estou curioso, no entanto, para saber qual seria a reação dos hospitaleiros mineiros ao se verem diante de povos mais liberais.

Há pouco tempo, depois de uma profunda restauração, quando se devolveu o antigo charme à Praça Raul Soares, no Centro, houve um fato contundente. Uma publicitária, moradora de um prédio vizinho à praça, resolveu aproveitar o sol, tudo ao som da música clássica que dá fundo ao movimento dos esguichos da fonte. Trajada de biquíni, estendeu uma toalha na alameda e esticou-se. Até aqui, nada de anormal, se ela não estivesse na moderno-conservadora BH. Guardas municipais, sob a desculpa de a tatuada moça ter desacatado a autoridade, acabaram levando-a para a delegacia. Na imprensa, nada além do que a insossa tentativa de criar mais uma personagem para o deleite masculino e chamar a mulher de “Musa da Raul Soares”.

Desse dia em diante, comecei a contar os minutos para a chegada dos estrangeiros que testemunharão o primeiro apito no reformadíssimo Mineirão. Melhor ainda: rezando para estar vivo e ver, no sorteio, as bolinhas cuspindo tirinhas de papel, determinando “Suécia”, “Holanda” e “França”, por exemplo, para a terra do pão de queijo.

Já posso ver alguns homens e mulheres de quase dois metros e pele cor de leite se bronzeando no julho frio (para os belo-horizontinos), sob a vista da Serra do Curral. As fontes das praças da Estação e da própria Raul Soares se transformando em praias urbanas e os boreais devotos do sol caídos nas alamedas da Praça da Liberdade. Quero ver a cara dos guardas e dos representantes da “tradicional família mineira”. Espero sentar-me ao lado de pelo menos uns cinquenta leitores ávidos, poliglotamente a devorar clássicos sobre os bancos de concreto da Praça da Rodoviária, hoje pouco mais do que um mero ponto de referência. E mais, prometo não me assustar se, na sempre talvez limpa Lagoa da Pampulha, vir alguns nórdicos, do jeito que eles e nós viemos ao mundo, com suas pranchas e pés de pato, curtindo essa ponta da Bacia do Velho Chico.

Engana-se, no entanto, quem pensa essa indireta-direta ser somente para BH. Caros patrícios, ainda dá tempo dos metidos a “espertos” e “não capiaus” ajustarem a própria alma e, desta vez, empreenderem a verdadeira obra para a Copa: a do senso de urbanidade. É hora de voltarmos a ocupar os espaços, sempre nossos. Façamos isso antes que mais uma leva de argamassa cubra nossos olhos.


* Alessandro Faleiro Marques é professor, redator e revisor de textos. Texto original publicado no site Caos e Letras (www.caoseletras.com).

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Uruguai e a maconha

Aos que estão achando linda a decisão do Uruguai em querer assumir a produção e a distribuição de maconha sugiro que passem, pelo menos, três dias em uma casa de recuperação de viciados (pode ser no Brasil mesmo) e outros dois em uma família que sofre com as drogas. Se, ainda sim, concordarem com a ideia de nosso vizinho do Sul, recomendo uma conversa com a próprias pessoas de lá, perguntando o que elas pensam e se o país realmente é seguro como andam dizendo por aí. Modismo e senso comum também podem matar. Pronto, falei!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O puxão de orelha do Papa

Os irmãos de outras comunidades cristãs não considerem os que promovem a desunião. Os puxões de orelha que o Papa deu durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, foram para nós, católicos, que estávamos nos esquecendo do essencial. Pouca coisa que ele falou era novidade. Mas, como diz o ditado, "o óbvio tem de ser lembrado para não ser esquecido". Pronto, falei!

terça-feira, 30 de julho de 2013

"Ressaca da JMJ"

É óbvio que uso de forma irônica a expressão "ressaca". Na verdade, eventos religiosos não costumam acabar como o carnaval. Os bons, como a Jornada Mundial da Juventude, realizada de 23 a 28 de julho deste ano, no Rio de Janeiro, podem dar frutos por muito tempo. Por isso o nome do evento final ser "missa de envio" (nome redundante). 

Agora é hora de os jovens oxigenar as comunidades de onde vieram. É tempo de saber se tudo foi só um "Woodstock cristão" ou se realmente foram lançadas as sementes para um País melhor. Permito-me fazer uma brevíssima avaliação do que senti com a JMJ, mesmo acompanhando tudo pela tevê, devido à impossibilidade de estar no Rio. 

Uma coisa me intriga. Como diamante, a Igreja têm muitas faces. Aquelas músicas, coreografias, celebridades são apenas uma delas. Até agora, estou querendo saber onde estavam e o que fizeram os jovens das pastorais sociais (camponeses, afro-brasileiros, indígenas, operários, encarcerados...). Aqueles que, à luz do Evangelho, questionam as mazelas de nossa sociedade. Sei que estavam lá, mas...

Um trecho de artigo publicado por Leonardo Boff logo depois do evento no Rio dizia: "Na Jornada, houve belíssimas celebrações e canções cujo tom era de piedade. Entretanto, não se escutaram as belas canções engajadas das milhares comunidades de base. Não se ouviram também suas belas canções que falam do clamor das vítimas, dos indígenas e camponeses assassinados e do martírio da Irmã Dorothy Stang e do Padre Josimo. O Papa Francisco enfatizou uma evangelização que se acerca do povo, na simplicidade e na pobreza. Repetiu muito: 'não tenham medo'. O empenho pela justiça social cria conflitos, vítimas e suscita medo, que deve ser vencido pela fé". (Para ler o texto completo, visite http://leonardoboff.wordpress.com/.)

Por isso, aos curiosos e "não praticantes", sugiro que conheçam mais do catolicismo e da Igreja. Nem só de água benta vive o povo de Deus. 


Falta de notícia?

Imagine que, na segunda-feira de manhã, hora depois de o Papa Francisco retornar para o Vaticano, um jornalista gastou preciosíssimos minutos da vida dele e da nossa analisando os "erros de português" do Pontífice. O negócio foi tão tosco que tive de parar para escutar. O coitado se preocupou mais com a forma do que com o conteúdo. Creio que nem meus colegas revisores devem ter se dado a esse trabalho. Que dureza!