sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Os "devotos" de São Judas

São Judas Tadeu
Pintura de Georges de la Tour
(1593-1652)
Alessandro Faleiro Marques

O apóstolo Judas Tadeu é o "Santo das causas impossíveis", como a imprensa e até alguns da Igreja dizem? Eu, católico desavergonhadamente assumido, digo: NÃO! O verdadeiro santo das causas impossíveis é só Jesus Cristo e nenhum outro. São católicos mais ou menos os "devotos" de São Judas Tadeu que estacionam o carro no ponto de ônibus, na contramão, em fila dupla e vão à igreja só pedir "coisas" para o apóstolo. Essas pessoas passam por cima da lei e do próximo para demonstrarem muita fé, mas poucas obras.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, os santos intercedem por nós e nos acompanham neste mundo. Infelizmente, muitos se esquecem de que eles foram fiéis a Cristo até o fim, a ponto de até serem assassinados por isso. Por essas e outras, os apóstolos Judas Tadeu e Simão, ambos comemorados em 28 de outubro, são homens que devem ser imitados por todos nós, cristãos, independente de denominações. 


Louvemos a Deus por Ele ter escolhido Judas Tadeu e Simão, seres humanos como nós, para serem duas das "doze colunas da Igreja". E não se esqueça de orar (ou rezar) por mim e por nossas famílias. Ah, estacionar em local proibido é pecado, viu!

Em tempo: um abraço a meu amigo Anselmo Morais, que faz aniversário neste dia 28!


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A quem interessa a desvalorização do Estado

Alessandro Faleiro Marques

Interessante é a facilidade que o povo e a imprensa têm de culpar por tudo o Estado. Tudo é o governo, a presidenta, o prefeito... Sem querer tirar a responsabilidade que cabe a esses "entes", questiono: quando um motorista de ônibus deixa os passageiros para trás, é decisão desse trabalhador, e só dele, em prejuízo dos outros. Quando alguém avança o sinal vermelho, não se deve culpar o Estado pela violência no trânsito, pois o que o governo tinha de fazer o fez, que era colocar o semáforo. Quando uma escola, uma praça estão com equipamentos danificados, não é culpa do Estado, mas primeiro de quem as estragou culposa ou dolosamente.

Cobrar simplesmente a fiscalização é reduzir a conversa, pois a lei deveria ser seguida e pronto. Desde o fim da ditadura, em 1985, há uma campanha para desvalorizar o Estado. E isso vem dando certo, sobretudo pela engenharia feita por quem domina a comunicação.

Com essa brincadeira, sabe quem o está substituindo? As megacorporações, os bancos, os "investidores" (leia-se "especuladores"). Ah, para ajudar a consertar o problema do Estado que não funciona, há um momento só seu, garantido pela Lei: o voto. Tomemos cuidado com os discursos prontos e com quem quer pensar por nós.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Fome, obesidade, desperdício: um problema de todos nós

Antônio Coquito

A afirmativa do senso comum de que o Brasil é o país da contradição traz à tona o debate e a busca de soluções no campo da segurança alimentar e nutricional sustentável. Trata-se do tripé “fome, obesidade, desperdício”. A ação direta nesse dilema é um chamado a toda sociedade, para assumir um papel de conscientização pública e reversão de indicadores preocupantes. Os desafios devem fomentar reflexão e busca de atitudes imediatas.

O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do planeta. Temos a maior e mais rica oferta de produtos alimentícios. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (ONU - FAO) mostram que o nosso país produz 25,7% a mais de alimentos do que necessita para toda a população. Porém, dessa realidade, constamos que uns comem de menos, em condições inadequadas. Já outros, demais e com hábitos alimentares nada saudáveis. E, por fim, outros destinam boa parte dos alimentos ao lixo, configurando-se em toneladas de desperdício.

Fome

A radiografia da fome deve nos incomodar para a busca de soluções urgentes. Dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativa a 2009, apontam que 11,2 milhões de pessoas passaram fome no período. Os números dão conta de que 30% dos lares brasileiros não têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente.

A PNAD mostra que a fome brasileira tem uma identidade nordestina, rural, pobre, negra e de baixa escolaridade. Segundo dados da pesquisa, a situação de insegurança alimentar atinge aproximadamente 8,6% (nível moderada) e 7% (nível grave). Já na área urbana, os dados são de 6,2% (moderada) e 4,6% (grave). Em se tratando de regiões, o Norte e o Nordeste do Brasil apresentam níveis inferiores à média nacional no que se refere à segurança alimentar. Os Estados com situação mais grave são Maranhão (35,4%) e Piauí (41,4%). A pesquisa constata que, nesses Estados, nem a metade das residências têm alimentação saudável e em condições adequadas. A região Sul é a que tem melhores condições.

O grau de instrução está ligado diretamente às condições de insegurança alimentar. Os dados da PNAD mostram que quanto menor a escolaridade, mais precária é a alimentação. Segundo a pesquisa “Em 2004, 29,2% dos moradores sem instrução ou com menos de um ano de estudo apresentavam restrição na quantidade de alimentos moderada ou grave”. Já em 2009, a proporção caiu para 20,2%. Mesmo tendo melhorado os indicadores, a situação continua a desafiar os profissionais da área de nutrição.

Obesidade

O aumento de peso da população brasileira dá indícios de que temos um problema de saúde pública. Segundo dado da Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no mundo mais de 1 bilhão de adultos com sobrepeso e 300 milhões com obesidade. A obesidade é fator de risco para problemas cardiovasculares, de diabetes, hipertensão arterial e certos tipos de câncer. Na saúde pública, o quadro de obesidade brasileira reflete em R$ 1,5 bilhão na conta do Sistema Único de Saúde (SUS).

Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE apontam que a obesidade cresce em todas as regiões do Brasil. Os números afirmam que “o sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos e nada menos que 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos”. Levando-se em conta o poder aquisitivo, entre os 20% mais ricos, o excesso de peso chega a 61,8% na população de mais de 20 anos. Também nesse grupo, concentra-se o maior percentual de obesos: 16,9%. No ritmo em que estamos, a previsão do IBGE é que, em dez anos, poderemos atingir os padrões norte-americanos.

Atenta aos dados de obesidade e sobrepeso, a Assembleia Mundial da Saúde, entidade deliberadora da OMS, chamou a atenção para o problema. Em seu documento, “Estratégia global em alimentação, atividade física e saúde”, a instituição adverte aos governos de todos os países que se comprometam em implantar políticas que estimulem padrões saudáveis de alimentação e de atividade física.

Desperdício

A trajetória do desperdício começa na produção de alimentos. O IBGE deu o alerta: “estamos desperdiçando cerca de 6 milhões de toneladas de alimentos”. Explicitando o desperdício, dados do Instituto Akatu, que trabalha pelo consumo consciente, 44% do que é plantado se perdem na produção, distribuição e comércio. Sendo, 20% na colheita, 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. No consumo caseiro e hábitos alimentares, as perdas acumulam mais de 20%. No total, o desperdício significa algo em torno de 64%.

Os números do Akatu sinalizam que, ao mesmo tempo em que 14 milhões de brasileiros passam fome, “o restante da população joga no lixo 30% de todos os alimentos comprados”. Os dados o Akatu são reforçados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a qual constata que o brasileiro desperdiça mais do que consome. Os dados do IBGE confirmam o consumo de 35 quilos por ano. Unindo os dados da Embrapa e do IBGE, a perda é 2% maior do que o consumo. O índice de hortaliças chega a 37 quilos. Essa situação tem um perfil que aponta 20% em casa, 15% nos restaurantes.

A preocupação com uma ampla conscientização sobre o desperdício tem consequências econômicas, ambientais e sociais. Dedicando-nos a combater o desperdício e a promoção de bons hábitos alimentares, proporcionamos o acesso ao alimento para boa parte da população. Dessa forma, levando bem-estar e vida saudável.

Soluções

Onde há problemas, temos de buscar soluções. As iniciativas de reversão dos dados assustadores são diversas e podem ser realizadas por todos. Existem várias atitudes que envolvem os mais variados atores sociais. O importante é conhecer o contexto e agir. Um exemplo é a aquisição de produtos locais e, ou, regionais, além de mais saudáveis e com custo mais baixo, contribuem para diminuir a poluição e o desperdício causado pelo transporte.

Em casa, nos restaurantes, nas escolas e instituições, podemos implantar a cultura do aproveitamento integral dos alimentos. No preparo, sempre que possível, reutilizar as cascas e talos. Todos podem resultar em sucos e tortas, bem como enriquecer arroz, sopas, risotos e outros.

O quadro brasileiro é um convite à intervenção nas políticas públicas municipais, estaduais e nacional de saúde, segurança alimentar e cidadania. Nas políticas e nos programas sociais, encontramos canais efetivos para realizar ações com atuação local, que contribuam na reversão desta que pode ser considerada uma agressão conjuntural colocada diante dos nossos olhos.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Desintoxicação digital


Alessandro Faleiro Marques*

Recordo aqui um artigo escrito por mim há algum tempo, intitulado “O segredo da desinteligência”. Passaram-se os anos, mas vi que quase nada mudou. Por isso, retomo alguns pensamentos. Como educador, cada vez mais me convenço de que existe o lado oposto da aprendizagem, do crescer acadêmico, espiritual e sapiencial. Essa parte tenebrosa é o “emburrecimento”, termo mais adequado ao nosso cotidiano. Nos meus tempos de faculdade, nenhum dos meus mestres ousou tocar no assunto do “não inteligenciamento”. Isso nos desanimaria ou seria um segredo só para os já iniciados?

Para mim, uma das causas do mal é a ingenuidade, o deslumbre idiota diante de certas inovações. Outro dia, li um artigo dizendo que adiantou pouquíssimo encherem-se de computadores as escolas. Fiquei impressionado com o fato de isso, sim, ter aumentado os casos de déficit de atenção. Em resumo, o projeto de abarrotar de aparelhos as salas de aula só serviu para dar mote para propaganda governamental, atrair pais e alunos (chamados de clientes pelas redes) e para encher a cabeça de crianças e adolescentes de muita, muita toxina digital. São tantas informações que os neurônios da moçada estão dando curto-circuito. O intento, a princípio bom, ainda saciou o desejo de orgasmo pedagógico de alguns mais “empolgados”, achando que a simples eletronicização didática colocaria escola e jovens “ligados ao mundo e à modernidade”.

Apesar do encantamento, está havendo pouco ou nenhum preparo dos educadores para melhor aproveitarem o recurso. Os jovens também não foram preparados. Adolescentes, crianças e adultos ficaram apenas boquiabertos com a tecnologia e, estéreis, entregaram-se a ela. Valorizou-se muito o meio, não o fim. Dias atrás, dei boas gargalhadas ao ver a foto de um colégio afiliado a uma grande rede promover a entrada solene de um tablet (cá entre nós, prefiro “tabuleta”) gigante, feito de madeira e que seria usado para... colar cartazes (!!!). Será que, nas décadas passadas, fizeram o mesmo com a máquina de escrever, o mimeógrafo ou a calculadora digital? Eu riria do mesmo jeito, creio.

O excesso de dados entope a cabeça das pessoas. É um fenômeno comum na Pós-modernidade, tempo marcado pela rapidez, barulheira, mosaiquices e descarte fácil de coisas, ideias e pessoas. Cabeça sufocada é fruto de mundo caótico e vice-versa, fazendo muita gente viver só porque nasceu.

Em vez de reclamar, ouso sugerir uma “campanha de desintoxicação digital”. Selecione suas leituras, seja frio. Descarte o inútil, veja o essencial. Faça o jejum cibernético e analise se realmente aquela parafernália real e virtual é essencial para sua vida.

Sejamos seletivos, questionadores e preocupemo-nos em colocar no devido lugar o útil mundo digital. Tenhamos cuidado para não sermos motivo de chacota gratuita de nossos descendentes. Digamos sim às maravilhas dos avanços, mas também ao olho no olho, ao inteligenciamento, às luzes; e proclamemos um sonoro não à avalanche de textos, vinhetas, piadas, curtidas, álbuns, fofocas, gráficos e infográficos. Desintoxiquemo-nos!


* Alessandro Faleiro Marques é professor, redator e revisor de textos. Texto original publicado no site da Athom 3 Consultoria (www.athom3.com.br).



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Curiosas medições da economia

Alessandro Faleiro Marques

Curioso: a cada dia, mais serviços nos Estados Unidos ficam paralisados por causa de picuinhas políticas entre eles. Empresas de lá e de outros países (inclusive do Brasil) estão tendo grandes prejuízos com essa bagunça típica de paisinho de ponta de aterro. Por que, então, ninguém fala do risco econômico estadunidense, do rebaixamento de nota por agências especializadas, de instabilidade, de artigo bombástico em revista inglesa...? Gostaria muito de ver o discurso dos neoliberais, até brasileiros, se o fechamento dos serviços tivesse sido do lado de cá. A politicagem de lá é mais refinada?


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Falta qualidade nas escolhas da alimentação fora de casa

Antônio Coquito*

Brasileiro está comendo mais açúcar, gordura e sal

O brasileiro come mal quando se refere à qualidade nutricional. A consequência da má alimentação é o crescimento de casos de câncer, doenças cardíacas, diabetes, hipertensão, obesidade, entre outros. Cerca de 70% da população fazem suas refeições em bares, restaurantes, lanchonetes e nos locais de trabalho e estudo. A realidade pode ser constatada na pesquisa sobre a Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Como comemos

Café da manhã, lanches rápidos, almoço e jantares. A vida cotidiana força à “alimentação na rua”. Os dados coletados pelo IBGE e pelo Ministério da Saúde (MS) na Pesquisa Medidas Referidas para os Alimentos Consumidos no Brasil - Pesquisa de Orçamento Familiar (POF-2008-2009) mostram mudanças significativas no hábito alimentar. Arroz, feijão, café, sucos, refrigerantes e carnes bovinas continuam tendo seu lugar nas opções de alimentos.

A radiografia do hábito alimentar, constatada na POF, preocupa ao apontar o crescimento do consumo de açúcares, gorduras e sódio. Traduzindo: aumentou-se a ingestão de biscoitos recheados, salgadinhos, pizzas, doces e produtos com alto teor calórico e com insignificantes valores nutricionais. No contraponto, cerca de 90% dos brasileiros não consomem frutas, legumes e verduras, contrariando a orientação do Ministério da Saúde. Também tem sido extremamente baixa a ingestão de cálcio e vitaminas D e E.

Dados alimentares

O IBGE e o MS sinalizam que os hábitos dos brasileiros que vivem nas cidades concentram-se em salgados fritos ou assados (53,5%), pizza (42,1%) e sanduíches/hambúrgueres (41,8%). Ao lado desses dados, outros números preocupantes são os de bebidas em excesso: o consumo de destiladas (50%) e de não alcoólicas (47,9%). Já para a população que vive no meio rural, os dados apontam sorvete (56,3%), pizza (52,6%), salgados fritos e assados (48,4%), bebidas destiladas (26,4%), refrigerantes diet-light (31,5%) e o regular (36,5%).

Na zona rural, segundo informações do IBGE/MS, há grande consumo de arroz, feijão, batata-doce, mandioca, farinha de mandioca, manga, tangerina (mexerica ou bergamota), peixes frescos, peixes salgados e carnes salgadas. Porém, nas cidades, os alimentos em alta são os prontos para o consumo e, ou, processados, como o pão de sal, biscoitos, iogurtes, vitaminas, sanduíches, pizza e salgados fritos e assados. Além destes, os refrigerantes, sucos e cerveja.

Essas informações se somam aos dados recém-divulgados pela pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011) que confirma a necessidade de mudanças nos hábitos alimentares. Os dados da Vigitel chamam a atenção para 49% da população brasileira com excesso de peso, configurado no alto consumo de refrigerantes e alimentos gordurosos.

Comportamento alimentar

O Instituto Data Popular averiguou o perfil do brasileiro que se alimenta fora de casa. De 65,3% da população, a classe C representa o maior percentual (54,6%). Seguindo, as classes D e E (20,6%) e as classes A e B (19,4%). Almoço, lanche, jantar e café da manhã: nessa ordem, estão as refeições feitas pelos brasileiros.

No conjunto das refeições, o almoço tem a maior concentração de pessoas. O fato se deve à jornada de trabalho levando a essa opção em ambiente externo à moradia. Do universo da pesquisa, as classes D e E correspondem a 69,5%. As classes A e B (69,2%) e a C (68,1%) realizam refeições fora do domicílio.

Os lanches são a segunda refeição com maior percentual. As classes D e E representam 61,3%. As classes A e B, 60,7%; a classe C, 57,2%. O jantar, que aparece como opção de lazer para os entrevistados, tem nas classes A e B o maior percentual (56,4%), seguido pela C (28,7%) e D e E (23,1%). Para o café da manhã, as classes D e E têm o percentual de 16,8%. Na segunda posição, aparecem as classes A e B, com 16,1%; e, na terceira, a C, com 10,9%.

Crianças e adolescentes

As informações da pesquisa IBGE-MS fazem um alerta, ou seja, uma de cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos estão acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo MS. No caso dos adolescentes brasileiros, os índices identificam que, na faixa etária de 10 a 19 anos, houve um salto de 3,7% (1970) para 21,7% (2009) nos casos de sobrepeso e obesidade.

Foi identificado que população infantojuvenil consome pouco feijão, saladas e verduras. Os números afirmam que 50% dos adolescentes comem fora de casa e consomem salgados (industrializados, fritos ou assados), pizza, refrigerante e batata frita. Dos números, “o consumo de biscoitos recheados foi quatro vezes maior entre adolescentes. Já nos sanduíches, os adolescentes e jovens adultos consomem duas vezes mais que os adultos e idosos”, cita o documento.

A consciência da opção saudável

Os dados do IBGE/MS dão conta de um desafio nos hábitos alimentares saudáveis fora de casa. A conscientização centrada na boa educação alimentar deve ser uma atitude permanente, contribuindo para a qualidade de vida de todos nós.

Em relação às crianças e aos adolescentes, os profissionais de nutrição ligados à alimentação escolar têm papel fundamental ao desenvolver ações de conscientização pelos hábitos saudáveis junto aos estudantes, pais, trabalhadores da educação e população em geral.


* Jornalista, especialista em Marketing e Comunicação com Ênfase Temáticas Sociais, Cidadania e Direitos Humanos, Políticas Públicas, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Socioambiental.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Curiosidade: o que São Francisco quase disse

"São Francisco de Assis e cenas de sua vida." Ícone pintado por Bonaventura Berlinghieri, em 1235, uma das primeiras representações do famoso santo.

Alessandro Faleiro Marques*


Curiosidade: "Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz; onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão...". Essa oração, mesmo linda, não é de São Francisco (1182-1226), mas dedicada ao santo italiano. Foi escrita por um religioso francês e no início do século XX, tempo de muito sofrimento. A confusão surgiu porque ela foi impressa no verso de uma pequena estampa do famoso santo. Assim, começou a ser popularmente chamada de "Oração de São Francisco".

Sugiro conhecer a inigualável e doce prece "Cântico das Criaturas", esta, sim, do Santo de Assis, composta pelo ano de 1224. A seguir, veja a oração em português e o texto original, em dialeto úmbrio.


Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
a ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
A ti só, Altíssimo, se hão-de prestar
e nenhum homem é digno de te nomear.

Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão Sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumias.
E ele é belo e radiante, com grande esplendor:
de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas:
no céu as acendeste, claras, e preciosas e belas.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Vento
e pelo Ar, e Nuvens, e Sereno, e todo o tempo,
por quem dás às tuas criaturas o sustento.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Fogo,
pelo qual iluminas a noite:
e ele é belo, e jucundo, e robusto e forte.

Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã a mãe Terra,
que nos sustenta e governa, e produz variados frutos,
com flores coloridas, e verduras.

Louvado sejas, ó meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor
e suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados aqueles que as suportam em paz,
pois por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, ó meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal,
à qual nenhum homem vivente pode escapar:
Ai daqueles que morrem em pecado mortal!

Bem-aventurados aqueles que cumpriram a tua santíssima vontade,
porque a segunda morte não lhes fará mal.

Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças
e servi-o com grande humildade…


Texto original


Altissimu, onnipotente bon Signore,
Tue so' le laude, la gloria e l'honore et onne benedictione.
Ad Te solo, Altissimo, se konfano,
et nullu homo ène dignu te mentovare.

Laudato sie, mi' Signore cum tucte le Tue creature,
spetialmente messor lo frate Sole,
lo qual è iorno, et allumeni noi per lui.
Et ellu è bellu e radiante cum grande splendore:
de Te, Altissimo, porta significatione.

Laudato si', mi Signore, per sora Luna e le stelle:
in celu l'ài formate clarite et pretiose et belle.

Laudato si', mi' Signore, per frate Vento
et per aere et nubilo et sereno et onne tempo,
per lo quale, a le Tue creature dài sustentamento.

Laudato si', mi' Signore, per sor Aqua,
la quale è multo utile et humile et pretiosa et casta.

Laudato si', mi Signore, per frate Focu,
per lo quale ennallumini la nocte:
ed ello è bello et iocundo et robustoso et forte.

Laudato si', mi' Signore, per sora nostra matre Terra,
la quale ne sustenta et governa,
et produce diversi fructi con coloriti flori et herba.

Laudato si', mi Signore, per quelli che perdonano per lo Tuo amore
et sostengono infirmitate et tribulatione.
Beati quelli ke 'l sosterranno in pace,
ka da Te, Altissimo, sirano incoronati.

Laudato si' mi Signore, per sora nostra Morte corporale,
da la quale nullu homo vivente po' skappare:
guai a quelli ke morrano ne le peccata mortali;

beati quelli ke trovarà ne le Tue sanctissime voluntati,
ka la morte secunda no 'l farrà male.

Laudate et benedicete mi Signore et rengratiate
e serviateli cum grande humilitate…


* Redator, professor e revisor de textos.