quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mês Consciência Negra: um cemitério e as cotas raciais


Alessandro Faleiro Marques

Neste Mês da Consciência Negra, em que as discussões sobre cotas raciais andam acaloradas, partilho algumas fotos de uma visita que fiz em janeiro deste ano ao Cemitério dos Escravos, na comunidade de Marimbondos, Município de Carmo do Cajuru-MG (minha terra natal). O campo-santo provavelmente foi construído no século XVIII e, como várias construções históricas de Minas Gerais, tem os muros feitos de pedras sobrepostas. 


Os doze túmulos existentes hoje são simbólicos, representando os negros que nele foram sepultados. O sítio histórico fica numa área particular, ao lado de um pasto (veja os bois atrás do cruzeiro). Segundo relatos orais, foram sepultados no lugar cerca de 300 cativos "dóceis", pois os que se rebelavam contra a escravidão eram enterrados em valas comuns, como animais. 




Em maio, os tambores solenes das guardas de congo e moçambique homenageiam os antepassados, durante uma missa. No resto do ano, ouve-se apenas o bater de um cadeado amarrado ao cruzeiro. Os nomes daqueles negros não constam de documentos. Existem somente no coração de Deus. Por essas e outras, que as políticas de inclusão de nossos irmãos afro-brasileiros, tão criticadas por neoescravocratas, representam apenas um pouco da dívida que o Brasil deve pagar a esse povo. 

Que os irmãos deixados no cemitério de Marimbondos, esquecidos pelos homens, lembrem-se de nós diante de Deus. Que todos nós, que nos achamos vivos, reflitamos com seriedade para que possamos fazer um país mais justo, com mais ações e menos discursos. A nossos compatriotas negros, os meus respeitos.


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